quinta-feira, 27 de março de 2014

Começo - Alice no País das Maravilhas

Como tudo possui um começo, este será o meu. Meu começo vem de uma grande dúvida sobre qual curso fazer para obter meu futuro profissional. Em poucos dias e em meio a poucas horas para uma decisão tão grande, cheguei a conclusão de começar meu futuro agora, caros leitores, sem saber sobre o que publicar, dentro de uma grande diversidade de interesses que possuo dentro de mim, resolvo então que meu primeiro assunto a publicar será sobre uma análise ao filme "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton (2010). Busco transmitir que a história e a realidade possuem um grande fator similar, este faz com que a história não seja apenas um conto de fadas infantil da maneira que é passado através de séculos.



É a obra mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, publicada a 4 de julho de 1865 sob o pseudônimo de Lewis Carrol. O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico, chamado então de País das Maravilhas, logo o filme se passa 13 anos após a história original, onde Alice já está com 19 anos.
No enredo do filme Alice se encontra em uma festa da nobreza em Londres, no século XXI. Na festa Alice descobre que será pedida em casamento através de duas conhecidas que vivem sempre juntas expressando comportamentos infantis e é acompanhada de sua figura materna em algumas cenas, onde sua mãe lhe apresenta ideias repetitivas de casamento e de que este é o certo que a jovem deve fazer. Conhecendo seu pretendente, fica expresso em seu comportamento que Alice não almeja se casar com o mesmo. Diante da pressão do tempo e da espera ansiosa de todos pela sua resposta entre o sim e o não, Alice vê um coelho branco vestindo um colete, fugindo do momento causador de pressão, ela corre atrás do coelho que várias vezes faz gestos de que o tempo está acabando. Por fim, a personagem chega ao coelho que acaba de adentrar a um túnel (que então seria sua toca) seguindo este, ela percebe que esta caindo em meio a tantas prateleiras com objetos aleatórios. Caindo em uma sala circunferencial cheia de portas, ela encontra uma pequena chave e uma poção que a faz crescer mais que o normal, também encontra um bolo que a faz ficar tão pequena quanto uma bonequinha. Em meio a esta situação ela precisa encontrar a porta com a fechadura certa para a chave e então poder sair da sala, até este momento acontecer ela bebe a poção e come do bolo, crescendo e diminuindo sem controle da situação. Até que consegue se manter no tamanho exato e encontra a porta que lhe dará a saída para um lindo jardim, encontrando então novamente o coelho que a levou até este lugar e novos personagens peculiares e enigmáticos que serão seus "novos" velhos amigos. (O Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março, o Gato Risonho, os Gêmeos Tweedledee e Tweedledum, o Absolem (a Lagarta), a Rainha Vermelha, a Rainha Branca, o Jaguadarte (monstro) entre outros.)
Neste novo enredo, Alice se depara com um mundo em que tudo o que ela pensa acontece e nada é impossível, este mundo apresenta também um grande caos que precisa ser resolvido. Este caos enigmático se resume em situações em que ela sofrerá crises de identidade, em que será preciso enfrentar seus medos para obter seus desejos e a partir de então da sua resolução para o caos do mundo terá a sua resolução para suas questões.

Análise

Ao vermos o túnel que a transporta para este novo mundo, não vemos apenas o túnel. Interpretamos que esta é a passagem de Alice pare seu sonho, onde as prateleiras com objetos aleatórios justificam o inconsciente dos sonhos e a sala circunferencial com o descontrole do tamanho correto a permanecer representa a reviravolta na sua vida entre as suas escolhas.
Em seu sonho (de Alice) a Rainha vermelha pode representar o fim da inocência, a luxúria, o egoísmo. Pode representar o superego, a consciência social e a figura materna; as três ultimas opções informam ideias rígidas e repetitivas ("Cortem-lhe a cabeça/ Ideias de casamento). A sociedade impõe que o casamento é o correto, é o que deve ser feito, sua mãe concordando não querendo mostrar feio a sociedade e assim fazendo parte empurra a sua filha ao casamento. O superego vem ser a escolha pessoal, que leva o bom senso às regas da sociedade, do que deve ser feito para não ser rejeitado e manter tudo na linha.
A Rainha Branca, vem ser o contrário, o estereotipo, pode simbolizar o feminino, a doçura, a luz e alegria, de forma que é algo tudo pessoal de Alice, não submetidos a logica patriarcal. Sendo seu próprio equilíbrio.
O Absolem representa o ego, mediador entre o Id e o Superego, obtendo conhecimento das dúvidas e equilibrando suas vontades e fazendo o que é realmente coerente.
A Lebre de Março representa os impulsos sexuais e agressivos, talvez até paranoicos
Os gêmeos Tweedledee e Tweedledum representam a infância, a inocência, a falta de incompreensão pelos adultos e a figura inicial de suas duas conhecidas que expressam comportamentos infantis e revelam o segredo a Alice.
O Gato Risonho representa o medo e a covardia que nem sempre são percebidos, porque são escondidos através de uma postura cativante. Lembra geralmente pessoas falsas e ou "cara de pau" mas diferenciando que o Gato mesmo com sua personalidade vem ajudar e não atrapalhar
O Chapeleiro Maluco, apesar de sua loucura, representa o lado verdadeiro e criativo, geralmente que não é aceito pela sociedade, por ser algo fora do comum. Representa esta indignação ao comportamento da sociedade.
O Coelho Branco representa literalmente o tempo com seu relógio. Tempo curto, exigência de resolver algo em pouco tempo fica explicito em seu personagem.
Durante sua estádia dentro do seu sonho no País das Maravilhas, os amigos de Alice são aprisionados pela Rainha vermelha. Seus amigos todos representam suas subjetividades, que a personagem busca para te-los de volta. Para salvar o País das Maravilhas e os seus amigos, Alice precisa enfrentar o seu maior medo, representado por outro personagem (um monstro), fica entendido que este na vida real é a forte consciência social, que tenta moldar, julgar e destruir a criatividade dos loucos. Antes de enfrentar seu medo, ao se conhecer para ter coragem de fazer o ato seguinte, Alice percebe que não pode viver sua vida para agradar os outros e que as escolhas precisam ser dela, já que as consequências também serão apenas dela, mesmo que influencie todos a sua volta. Quando Alice resolve enfrentar o monstro, consegue então entender sua identidade. Significa ser quem ela sempre foi mas esqueceu, porque a sociedade diz as pessoas como elas devem ser e se comportar. A personagem no século XXI após acordar do seu sonho ou voltar pelo túnel por onde entrou no País das Maravilhas, volta ao momento de pressão anterior, responde "não" ao seu ex futuro parceiro, impressionando todos que esperavam um "sim". Ela decide que não viverá sua vida baseada nas regras da sociedade como dona de casa e esposa, desfazendo assim estes papeis sociais que lhe foi impostos. Diante de sua escolha ela almeja outro futuro para sí, decide ir para a China investir na sua vida profissional e em sua criatividade que não é aceita pela sociedade.
Por fim, Alice, resolve suas questões de escolhas através de sí mesma. Em contato consigo mesma encontra forças para enfrentar seus medos, saindo dos papeis que a sociedade impõem e fazendo seu próprio futuro, lidando com as dificuldades de forma autônoma. Se sentindo livre e buscando o que de fato lhe interessa.

Acredito que além de muitas outras mensagens que o filme passa, neste momento fica claro a mensagem de que devemos perceber nossas potencialidades e acreditar nelas e ninguém além de nós mesmo para fazer disso verdade ou apenas vontades. Busco informar que este fator similar da história e da realidade, é que o país enigmático é apenas uma projeção da realidade de forma distorcida, através dos sonhos. E que depois deste, vem as escolhas na vida real de cada um. E assim fica clara mensagem inicial deste paragrafo. Fim

Um comentário:

  1. Eu simplesmente estou sem palavras. Tanto pela sua escrita, quanto pela a análise. Ficou um ótimo texto, você está de parabéns. Alice no país das maravilhas sempre foi (e sempre vai ser) um referencial para a "rebelião", para aquela ideia de todos contra o sistema. O que, de fato, é ótimo. Fora as questões morais e sociais que a história, agora incrementada pelo o filme do visionário Tim Burton. Sua análise ficou muito boa, repito. Você está de parabéns, sua escrita também é de impressionar. Mais uma vez: parabéns!


    P.S: muito inteligente começar um blog por essa análise. Foi um ótimo começo

    ResponderExcluir